Citação de Ulisses Carrilho no Folheto de “Senado Tomado #8” (2019)

 

Este texto de Ulisses Carrilho foi publicado em: CARRILHO, Ulisses. Senado Tomado #8: Folheto. Rio de Janeiro: [s.n.], Despina, 2019.

 

Nem a cor amarela presente na série de pinturas em pequeno formato apresentadas por Hilda de Paulo, nem o dourado que dá cor a outros trabalhos e detalhes na mesma série apaziguam a busca pelo sol vindouro citado pela artista na frase pintada sobre a parede do espaço de seu ateliê, como intervenção. Muito embora os trabalhos em tela tenham se constituído numa lógica processual, de livre investigação da cor – o que constrasta com a metodologia projetiva de vários trabalhos seus, pensados como capítulos de um longo romance – arriscaria de antemão relacionar estas pinturas com o auxílio de uma palavra inscrita em uma delas: caos. De caráter informe, como poderiam também sugerir as bordas vacilantes da tipografia empregada pela artista, este vazio primordial, tanto indefinido quanto ilimitado, propiciou o nascimento de todos os seres e realidades do universo. Mesmo a ordem é precedida pelo caos e desta relação temporal mais complexa – note que a palavra “serão” resguarda um futuro que acontecerá em breve, uma promessa sem escalas, em pouco tempo – surge esta epígrafe, cujas tintas tornam-se provocadoramente políticas à luz do contexto político recente.