Terror Travesti Ou Ode ao Transfeminismo (2025)

 

Hilda de Paulo, Terror Travesti ou Ode ao Transfeminismo, 2025. Instalação, 1 x 1,74 x 1,74 m

 

A artista Hilda de Paulo mergulha na dualidade da fúria e da festa que atravessa as experiências trans e travesti – como bem explora Camila Sosa Villada em “O Parque das Irmãs Magníficas” – para criar “Terror Travesti”, um manifesto visual autobiográfico contra a cisnormatividade. Em resposta à ausência de representação trans e travestis em arquivos institucionais da cidade de Braga, esta instalação destaca objetos-pintura como testemunhos subversivos de poder que, a partir da noção bellhookiana,  “erguem a voz” e proclamam “beleza trans que seja livre de regra cis” ou “pele trans, máscaras cis,” afirmando-se deste modo como um campo de batalha íntimo e coletivo. “Terror Travesti” é, portanto, um espaço de confronto e criação onde a vida se afirma como uma lâmina: afiada, pronta para cortar o que tenta nos deter.

 

Hilda de Paulo, Hilda de Paulo (Brincos), 2025. Objeto-pintura, 17 x 17 x 47 cm aprox. Edição: 1

 

Hilda de Paulo, Caixinha de transPandora #01, 2025. Objeto-pintura, (medida). Edição: 1

 

Hilda de Paulo, Caixinha de transPandora #02, 2025. Objeto-pintura, (medida). Edição: 1

 

Hilda de Paulo, Caixinha de transPandora #03, 2025. Objeto-pintura, (medida). Edição: 1

 

Hilda de Paulo, Caixinha de transPandora #04, 2025. Objeto-pintura, (medida). Edição: 1

 

Foto em breve.

Hilda de Paulo, Pedra-flor, 2025. Objeto-pintura, medidas variadas. Edição: 1 cada

 

FICHA TÉCNICA

Conceito: Hilda de Paulo | Curadoria: Space Transcribers (Fernando P. Ferreira e Daniel Duarte Pereira) | Reabilitação do quiosque: António Pedro Faria | Produção: Felícia Teixeira | Apoio: ArtWorks | Agradecimentos: Tales Frey, Letícia Maia e Ivan Sales | Quiosque Nani, Braga 25 – Capital Portuguesa da Cultura, Braga, Portugal, 2025

 

HISTÓRICO

[2025] Contra-Quiosque. Curadoria de Space Transcribers (Fernando P. Ferreira e Daniel Duarte Pereira) e reabilitação do quiosque de António Pedro Faria. Quiosque Nani, Braga 25 – Capital Portuguesa da Cultura, Braga, Portugal.

 

Foto em breve.

Abertura

 

Discurso de Hilda de Paulo na abertura da exposição coletiva Contra-Quiosque (2025) na cidade de Braga em Portugal

 

Foto em breve.

Primeira Conversa

 

Foto em breve.

Primeira Residência

 

CITAÇÃO

SILVA, Paulo Ricardo; GARRIDO, Nelson. “Nos ‘contraquiosques’ contam-se histórias dos mais esquecidos de Braga”. Público, 27 de maio de 2025.

Em plena Praça da Justiça, entre o Tribunal Judicial de Braga e o centro distrital da Segurança Social, uns degraus coloridos em rosa choque fazem o quiosque sobressair na paisagem urbana. A pequena e peculiar estrutura, implantada estrategicamente no passeio, na zona de travessia pedonal entre duas passadeiras movimentadas, ainda beneficia da localização privilegiada da sua função primordial. Mas já não é um ponto de paragem frequente para transeuntes apressados que ali compravam o jornal ou o tabaco. Isso já não passa de uma memória. O desactivado quiosque serve agora um outro desígnio. Em vez de albergar as notícias do dia, transformou-se num “minimuseu” ao ar livre, cujo acervo põe em evidência problemáticas sociais da actualidade.

Partilhando o cenário com uma parede onde se podem ler grafitadas as palavras “revolução feminista já”, a artista Hilda de Paulo explora a dualidade da existência na comunidade trans, através de um quiosque onde exibe pequenos objectos em tons de rebuçado, quase como brinquedos de criança, que só um olhar mais atento permite descodificar os detalhes que remetem para o seu doloroso legado: nuvens adornadas com lâminas, pedras com pensos rápidos da Hello Kitty, estilhaços de vidro em forma de coração. É pop e divertido, mas sempre com travo de perigo à mistura.

Dias depois da decisão do Supremo Tribunal britânico sobre as mulheres trans, não é por acaso que este quiosque tenha sido idealizado para esta localização específica, ensanduichado entre duas instituições que representam o “apagamento” administrativo da comunidade trans em Portugal, levando a artista a efabular um arquivo possível, que navega entre a “fúria” e a “celebração”.