“Performance e Ritualização: Moda e Religiosidade em Registros Corporais”, de Tales Frey (2016)

 

Este texto de Tales Frey foi publicado em: FREY, Tales. Performance e Ritualização: Moda e Religiosidade em Registros Corporais. Tese (Doutorado em Estudos Artísticos com Especialidade em Estudos Teatrais e Performativos) – Faculdade de Letras, Universidade de Coimbra. Coimbra, Portugal, 2016. 

 

Na época da criação deste texto, Hilda de Paulo ainda era conhecida por Paulo Aureliano da Mata. A artista começou sua transição de gênero em 2020, mudando de nome nesse mesmo ano.

 

body art (ou simplesmente arte do corpo) deve ser compreendida como uma vertente da arte contemporânea em oposição ao mercado tangível das artes. O corpo é o principal meio de expressão e, por isso, a sua relação se dá de forma quase intrínseca à arte da performance. Na body art é onde encontramos as intervenções artísticas realizadas sobre o corpo de forma mais violenta: tatuagens, ferimentos, escarificações, etc. Romance Violentado (2011), de Paulo Aureliano da Mata, nada mais é que uma tatuagem dotada de conotação artística, na qual uma organização de palavras que compõe um violento registro feito na sua pele para que o ato fosse analisado através do veículo do vídeo e do dispositivo da fotografia, os quais são capazes de exprimir uma sarcástica combinação de vocábulos que traduzem uma particular frustração amorosa vivida, com um agudo desejo carnal, com intenso amor somado a sua concludente ferida.