Exposição Academia Corpus (2022), de Tales Frey. Galeria do Lago, Museu da República, Rio de Janeiro-RJ, Brasil. Fotografia de Luiza Amorim
Quando um corpo muda,
quer dizer que tudo ao redor já foi transformado.
Helena Katz
Como construir um olhar para a arte? Como perceber e harmonizar singularidades distintas? Seria o corpo revelador de contextos?
Tales Frey, em diferentes linguagens artísticas e, sobretudo com a performance arte, nos leva a entender que reconhecer o outro é reconhecer o que ainda não se sabe. É preciso perguntar se estamos aprisionados no convencional ou treinando o olhar para a diversidade. O artista em sua obra convida a pensar juntos e a perceber que o corpo nunca existe em si mesmo. Sofre mudanças, se adapta a novas situações, aparece aos pedaços, mas é sempre um corpo. “O corpo é um estado provisório de uma complexa coleção de informações do ambiente em que está inserido”, nos diz o artista que encontra inspiração nas diversas vivências. Para Tales, o interessante é produzir conhecimento a partir das assimilações do ambiente em que está inserido. Ao refletir sobre repetir padrões e singularidades, cria subversões para desestabilizar as ideias dominantes. Procura produzir situações em que todos possam atuar, participando de modo original, sem estarem subordinados a um sistema opressor. E faz isso por vezes de forma insolente, mas também com harmonia lúdica.
Nas obras de Tales Frey, os corpos acham-se em movimento, experimentando, procurando uma forma de ser individual. São diversos elementos tentando achar espaço para ampliar seus significados. As pernas e os sapatos de salto fazem uma dança não convencional, permeada de harmonias, delicadezas e certamente de dores. São silhuetas, tecidos elásticos, esculturas que o artista transdisciplinar põe diante do olhar ansioso do espectador. Para a fruição é preciso disponibilidade perceptiva, pois a arte mexe com questões sedimentadas no íntimo, gerando a angústia do desconforto. É preciso buscar o que não se sabe, conversar com a obra e descobrir que, amplificando os sentidos, sempre podemos ir além.
Isabel Portella
Curadora
OBRAS
1) Tales Frey, Il Faut Souffrir pour Être Belle, 2018. Fotografia, 70 x 45 cm;
2) Tales Frey, Academia Corpus – Estudo 5, 2020. Desenho, 60 x 40 cm;
3) Tales Frey, Dedada – Estudo 6, 2020. Desenho, 60 x 40 cm;
4) Tales Frey, Sissyparity, 2020. Políptico fotográfico, 25 x 20 cm cada;
5) Tales Frey, Lucy e Lúcifer, 2022. Néon, 100 x 35 cm;
6) Tales Frey, Thighlighting, 2021. Objetos cinéticos. 100, 70 e 30cm de diâmetro;
7) Tales Frey, Fio Condutor, 2020. Vídeo, 4’48”;
8) Tales Frey, Finitas Contagens para Infinitas Variações, 2017. Fotografias, 6 x 9 cm cada.
Exposição Academia Corpus (2022), de Tales Frey. Galeria do Lago, Museu da República, Rio de Janeiro-RJ, Brasil. Fotografias de Luiza Amorim
Vídeo promocional da exposição Academia Corpus (2022) de Tales Frey na Galeria do Lago, Museu da República, Rio de Janeiro-RJ, Brasil
Performance Ponto Comum, de Tales Frey apresentada no encerramento da exposição Academia Corpus, Galeria do Lago, Museu da República, Rio de Janeiro-RJ, Brasil. Registro de Suzana Queiroga
Programa Paralelo
28 de maio de 2022, às 15h00 | 60’
Conversa entre artista e curadora, com Tales Frey e Isabel Portella
A curadora Isabel Portella conversa com o artista transdisciplinar Tales Frey a respeito de sua prática, que transita entre as artes cênicas e visuais.
28 de maio de 2022, às 14h00 | 30’
Performance Ponto Comum, de Tales Frey, com participação exclusiva de Paola Frey
Visualmente, proponho uma espécie de escultura cinética em que dois corpos – conectados sob o auxílio de um indumento específico – convivem por um tempo estipulado dentro de um único traje, o qual faz com que ambos pareçam dançar grudados pelo espaço.
FICHA TÉCNICA
Tales Frey: Academia Corpus | Curadoria: Isabel Sanson Portella | Designer: Filipe Chagas | Supervisor da equipe de montagem: Emerson Torres Ramos | Eletricista: Alex Silvio Camilo dos Santos e José Valter dos Santos | Pintor: Alexandre Correria dos Santos | Marceneiro: Marco Antônio Barros | Oficial de Manutenção: Rejanio Alves Feitosa | Agradecimentos: Allan Seabra e Ian J. Duarte (Galeria Verve), Bruna Costa, Hilda de Paulo, Leika Morishita, Mateus Nunes, Rogério Emerson Magalhães e Suzana Queiroga | 19 de março a 29 de maio de 2022
Cartaz de divulgação da exposição Academia Corpus de Tales Frey
Revista Ela, do jornal O Globo, do 26 de fevereiro de 2022